quinta-feira, 23 de setembro de 2010

SOBRE A SENSIBILIDADE

Ser sensível não está necessariamente ligado a chorar. Nem mesmo
requer que nos importemos com coisas vis e tolas. A sensibilidade está
em perceber algo mais; em pressentir nas coisas e no tempo algo que
poderá ser perdido para sempre e que afirma que o agora é o melhor
momento para tudo.


Muitas vezes falhamos na constatação: a sensibilidade costuma ser tão
imediata. É uma forma de empatia universal, requer que pervaguemos na
alma alheia e reconheçamos ali nossa irmandade. E isso não permite
decretar para todos que no ar está a magia.


Quando a música toca na penumbra da noite, ou quando a natureza
farfalha no esplendor do sol, todas as armas foram postas no chão.
Olhamos para o momento e vivemos, não há ali qualquer reticência ou
ponderação importante. A sensibilidade é esse vazio e essa plenitude, é
esse desejo de que perdure essa eletricidade.


Ser sensível não é ser um emotivo bobo. Não é brigar por coisas
ínfimas. Pelo contrário: é preocupar-se com o que há de importante e
fundamental. Repito: é o reconhecimento em toda obra de gênio de um eco
pessoal. É ser uma extensão do quadro, uma ponte para as notas musicais,
um pano de fundo para um romance: sensibilidade é esse pressentimento
de que podemos viver e achar a vida interessante e bela.


Quando esvaziarem toda a arte do mundo, ainda assim a sensibilidade
permitirá reconhecer o eco nas pessoas. Poderemos contemplar a beleza
das mulheres e a infinitude da natureza. Ainda assim existirá paixão. A
sensibilidade que vislumbro é a que me permite digitar esse texto,
escutar uma música suave e pensar no que dizer para a mulher
inalcançável. É a minha arma no abismo do sono para reconhecer o terreno
pantanoso que draga minhas esperanças. É a noite definitiva me
perseguindo, dia após dia.

autor desconhecido
msgm enviada por um grande amigo (Vicente)

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