domingo, 5 de fevereiro de 2012

LEMBRANÇAS E SAUDADES

Podem parecer sinônimas, mas apresentam diferenças no sentir...

Lembrança é da memória, com tempo falha e o esquecimento leva embora.

Saudade é da alma, tatuada em nossa raiz...

Muitas podem ser as lembranças.

Poucas, no entanto são as saudades...

Lembranças surgem com um aroma, uma música, uma palavra.

Saudade surge sozinha, emerge do fundo do peito onde se encontrava adormecida...

Lembrança é algo palpável, de um lugar, uma época, uma pessoa.

Saudade pode ser do que não necessariamente se escuta, de uma possibilidade, de lábios jamais tocados...

Lembrança pode ser contada, medida, localizada, e com algum esforço, pode até ser calculada com uma fórmula matemática.

Saudade é dos poetas, é pautada em rimas e melodias; vontade de ver e não poder...

Segundo os poetas, para que a lembrança chega-se a ser saudade, seria necessário lhe adicionar ‘tempero’...

Lembrança pode ser sem som.

Saudade tem melodia...

Se ela não vier com fundo, a gente coloca, só pra ficar mais bonita, mais gostosa de sentir, para preencher mais a alma...

Lembrança aceita nosso comando, vai e volta quando queremos.

Saudade é irreverente, impetuosa, independente...

Não obedece a vontade da gente...

Cecília

VIVER NÃO DÓI . . .

"Viver não dói, o que dói é a vida que não se vive..."

Definitivo, como tudo o que é simples.

Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Por que sofremos por amor?!

Porque costumamos esquecer o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por tudo que gostaríamos de ter compartilhado e não compartilhamos.

Pelos beijos cancelados...

Pela eternidade interrompida...

Sofremos não porque nossos pais são impacientes conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar-lhes confidenciando nossas mais profundas angústias se eles tivessem interessados em nos compreender...

Sofremos não porque envelhecemos, mas pela sensação de que o futuro está sendo confiscado de nós, suprimindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar...

Como aliviar a dor do que não foi vivido?

Se iludindo menos e vivendo mais!

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não nos permitimos, na prudência que beira ao egoísmo e nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, acaba nos privando a possibilidade da felicidade.

A dor, pode ser inevitável...

Contudo, o sofrimento é opcional...

Emilio Moura