terça-feira, 23 de dezembro de 2008

AS FACES DO MEDO



Segundo o dicionário Aurélio, medo é um sentimento de viva inquietação ante noção de perigo real ou imaginário, de ameaça.
Mas tudo começa bem antes do nascimento.
Vem como escolha no pacote do projeto reencarnatório.
Escolhemos quais os medos enfrentaremos ao atravessar a vida atual.
Descrevo abaixo alguns deles que compreendem uma boa parte de nossas inseguranças.

Primeiro

O medo da INCOMPETÊNCIA.
É aquela pessoa que trabalha muito, de uma forma abnegada e permanece,modestamente, no segundo plano.
Ela nega as próprias necessidades e dá muita importância às dos outros.
É agradável e não cria problemas.
Sempre admite que os outros são melhores e foge das situações em que se espera algo dela.

Quando solicitada, comporta-se com humildade, numa atitude de submissão enraizada no medo.
A modéstia se manifesta como perfeccionismo ou auto-humilhação.
No fundo ela tende a negar sua força, seus talentos, sua capacidade de amar, mas também negará a sua raiva, o seu ódio por todos aqueles que são melhores,mais bonitos ou mais inteligentes do que ela.
Este medo decorre das experiências em infância e juventude, no auge de sua afirmação pessoal, onde teve que enfrentar a rejeição dos pais e professores, deixando-a confusa entre a sua afirmação pessoal e a aprovação dos outros.

Segundo

O segundo medo é o da VIVACIDADE ou de perder o controle do que parece importante, necessário e imprescindível à vida.
Como conseqüência, ela tenta destruir a realidade, eliminá-la ou apagá-la.

Tenta não deixar a própria alegria de viver transbordar, por ser ameaçador demais.
Foi, possivelmente, uma criança ensinada pelos pais a não esperar nada da vida e que precisa se preparar para os infortúnios que virão.

Essa pessoa poderá virar-se contra o prazer vivido em seu próprio corpo tornando-o doente.
Ela se auto-sabota. Medicamentos, drogas, álcool, são alguns dos métodos para impedir a vida fluir.
Mas pode também virar esse boicote para fora, tornando-se um desmancha-prazeres, pessimista, intrigante, etc.

Terceiro

O terceiro medo é o da INUTILIDADE.
Este medo torna a pessoa um verdadeiro mártir.
Foi, provavelmente, uma criança rejeitada e abandonada.

Não foi suficientemente amada e por isso carrega a sensação de não ser digna de amor.
Atribui a si mesma a culpa de todos os acontecimentos ruins.

Ela chantageia a todos à sua volta e busca a sua satisfação pessoal no fato de não se defender.
Busca através do martírio, gratidão, atenção, admiração e amor.


Quarto

O quarto é o medo da INCONSTÂNCIA.
Traduzindo, é o medo da mudança.
O que não se conhece muitas vezes passa a ser assustador.
Quando a mudança torna-se inevitável, a pessoa parte para obstinação.

Depois de tomar uma decisão há tempo necessária, o obstinado sente-se mais animado.
E ele sofre porque parte da idéia que ele pode, sozinho, modelar a sua vida.

Fica preso entre o desejo pelo velho e o anseio pelo novo.
Na infância não deve ter podido demonstrar uma teimosia saudável.
Isso impediu o desenvolvimento de sua vontade e, na fase adulta, insiste obstinadamente em fazer as coisas que quer.

Muitas crianças são deixadas repentinamente com outras pessoas, o que faz com esse adulto reaja mal às mudanças bruscas e às situações as quais não consegue controlar.
Isso pode fazê-lo cair numa depressão.

Quinto

O quinto medo é o da CARÊNCIA.
Traz como conseqüência a ansiedade.
É ela que faz com que a pessoa use toda a sua energia para obter o que presumidamente lhe falta conquistar.

Muitas vezes, uma criança não é alimentada devidamente o que pode levá-la a comer demais e armazenar mais do que pode digerir.

Mas somente irá se liberar da ansiedade quando perceber do que sente falta e do que tem medo de não ter.

Sexto

O sexto medo é o de SOFRER ou de ser FERIDO.
E é aí que o orgulho aparece.
A pessoa acredita que só pode conquistar o amor ao se apresentar para o próximo como alguém que sabe mais, que pode mais e que tem acesso aos segredos que estão ocultos aos demais.

Um desses segredos é ele próprio.
A pessoa orgulhosa é, na verdade, vulnerável, sensível, e tão facilmente ofendida em sua auto-estima que acredita que só poderá sobreviver se erguer um muro de proteção da proximidade dos outros.

Foi uma criança desvalorizada e humilhada em seus esforços de agradar e ser aceita.
Acha insuportável quando o seu valor é posto em discussão.
Vive menosprezando a todos como forma de proteger o seu ego.

Esse orgulho pode se apresentar de duas formas: uma extremamente arrogante e crítica e a outra silenciosa com timidez e inibição, como se protegesse a sua própria grandeza do assédio dos demais.

Sétimo

O sétimo é o da NEGLIGÊNCIA.
Sua face se mostra pela impaciência.
Ele sofre por não conseguir parar.
Não se alegra com o que já obteve.

É a criança que, possivelmente, teve dificuldades ao nascer e nos primeiros anos de vida, podendo ter tido risco de morte.
É o medo da morte prematura fazendo com que o adulto esteja sempre com uma inquietação existencial.

Nossos medos precisam ser reconhecidos como uma planilha de tarefas a cumprir.
Cada um deles cumpre o seu objetivo para desenvolver o nosso projeto de reencarne.

Como esse projeto não é submetido à apreciação de ninguém, portanto, é de nossa responsabilidade.

Vamos integrar esses medos e viver com mais espontaneidade.
Olhemos no espelho e façamos a pergunta:
“Do que tenho medo e por quê?”

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