sexta-feira, 15 de junho de 2012

A FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE


A personalidade é a identidade individualizada de cada pessoa. Um tipo de “DNA” emocional cuja impressão não possui um registro revelado e sua composição é determinada por uma vastidão de elementos. Oficialmente, reconhecido pela academia, a personalidade é estruturada em dois eixos fundamentais que traçam o perfil personalizado das pessoas: o temperamento e o caráter.

O temperamento, como a própria raiz da palavra indica, dá ao sujeito o tempero inato para as respostas provocadas pelos estímulos internos e do meio ambiente. Sua etiologia é eminentemente orgânica e seu funcionamento deriva de uma combinação herdada, geneticamente, de neurotransmissores que atuam ativamente na forma de interação consigo, com o outro e com o meio ambiente. Tendo uma formação biológica, o temperamento não é modificado, apenas pode ser controlado artificialmente quando assim se fizer necessário.


Já o caráter é apreendido. A repetição ao estímulo provoca, primitivamente, um processo de aprendizagem e de condicionamento, formas rudimentares utilizadas nos primeiros anos de vida. Caráter é o conjunto de características que o indivíduo internaliza ao longo de seu desenvolvimento. Os primeiros anos de vida consolidam uma matriz ampla e genérica desses traços e a continuidade ao longo dos anos agrega novas informações e valores. Através do caráter aprendemos sobre os componentes afetivos, o amor e a proximidade com as demais pessoas. Posteriormente, ocorre o treino do controle, do descontrole, da autonomia e da dependência, da socialização ou da introspecção e finaliza-se essa matriz com a identificação dos papéis relacionados ao gênero masculino e feminino.


Os requintes pertinentes à personalidade acontecem, também, através da educação oferecida pelos tutores. A memória cultural, incutida em cada família, cada pai e mãe, é repassada às novas gerações, estabelecendo uma repetição de padrões, costumes, crenças e condicionamentos que operam na maneira de reger padrões de comportamento na sociedade. Há uma disseminação daquilo que é considerado adequado e apropriado para o bem estar da coletividade. Uma formação de senso comum, atuando com o papel de maestro que rege e orquestra um suposto bem estar para as civilizações.

Os grupos de pesquisa científica ainda não oportunizaram a abertura para que novos elementos elucidem as lacunas encontradas nas personalidades humanas. Afinal, nem tudo é compreendido plenamente, assim como muitos questionamentos obtém respostas evasivas para suas justificativas. Citaria, como um exemplo recente, o comportamento da esposa que mata e esquarteja o marido, ocultando o cadáver por motivação vil e inconsistente. Na verdade, poderia descrever dezenas de linhas com fatos presenciados em nossa sociedade, cuja análise e a explicação, por mais contundentes, mantêm-se torpes e inacabadas.

Existe sim, e isso é factual, uma memória dos clãs, ou seja, uma aculturação dos padrões familiares que se propagam por séculos e gerações que repetem suas sagas. Um estudo interessante, de foco amplo e minúcias intrínsecas ricas e explicativas para os processos consequências existentes na vida das pessoas e de suas famílias. Um agrupamento sintonizado e emparelhado que carrega um traço, um perfil ou determinada característica através de proles repetidas.


Outro componente para a personalidade é o “dèjá vu”, ou as impressões de repetição. Já estive já conheci, já passei por isso, enfim, todos os jás que assolam as cabeças pensantes que vagam por ai. Refiro-me a belíssima iniciativa que alguns centros de pesquisa estão tendo para pesquisar uma suposta realidade espiritual sobre a vida das pessoas, como USP, UNICAMP e algumas outras espalhadas pelo mundo.


Não oficialização, nem reconhecimento dos fatos transpessoais. Por enquanto existe a fé apenas. Entretanto, não se pode mais negligenciar e afastar as possibilidades do deslocamento da alma em tempo e espaço e a eternidade da alma e seu solo fértil, multiplicando a ocorrência de personalidades variadas em cada uma das passagens. A física, a Medicina, a Psicologia assim como outras áreas do saber, relaciona-se com tais experiências e, acima de tudo, a população em geral grita pelo entendimento do que não se considera e daquilo que é desconhecido.

O simples fato de se respeitar essa possibilidade potencializará significativamente, o entendimento sobre o incompreensível, auxiliando nossa visão sobre o mundo e agregando uma qualidade à vida inestimável. Acredito que a hora de descer do pedestal da onipotência passou. Ciência e religião precisão, indiscutivelmente, dar as mãos e contribuírem de forma efetiva para o aumento do saber e do conhecimento do homem sobre o próprio homem. Não há só espiritual, assim como também não existe apenas o material. A junção das manifestações é que determina o ritmo da nossa estadía por ai.

Clécio Carlos Gomes

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