A voz e o silêncio
Aumenta volumosamente a balbúrdia no mundo.
Não há respeito pelo silêncio.
As pessoas perderam o tom de equilíbrio nas conversações, nos momentos de júbilo, nas comunicações fraternais.
Grita-se, quando se deveria falar, produzindo uma competição de ruídos e de vozes que perturbam o discernimento e retiram a harmonia interior.
As músicas deixam, a pouco e pouco, de ser harmônicas para se apresentarem ruidosas, sem nenhum sentido estético, expressando os conflitos e as desordens emocionais dos seus autores.
Cada qual, por isso mesmo, impõe o volume da sua voz, dos ruídos do lar, das comunicações e divertimentos através dos rádios e das televisões.
Há um predomínio da violência em tudo, nos sentimentos, nas conversações, nas atividades do dia a dia.
Há demasiado ruído no mundo, atormentando as criaturas.
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A voz é instrumento delicado e de alta importância na existência humana.
Sendo o único animal que consegue articular palavras, o ser humano deve utilizar-se do aparelho fônico na condição de instrumento precioso, e de cujo uso dará contas à Consciência Cósmica que lhe concedeu admirável tesouro.
Jesus, o Sublime Comunicador, cuja dúlcida voz inebriava de harmonia as multidões, viveu cercado sempre pelas massas.
Sofreu-as, compadeceu-Se delas, mas não Se deixou aturdir pela sua insânia e necessidade.
Logo depois de as atender, recolhia-Se ao silêncio, fugindo do bulício, a fim de penetrar-Se mais pelo amor do Pai, renovando os sentimentos de misericórdia e de compreensão.
Procedia dessa forma, a fim de que o cansaço, que surge na balbúrdia, não lhe retirasse a ternura das palavras e das ações.
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Necessitas, sim, de silêncio interior, para melhores reflexões e programações dignificantes em qualquer área do comportamento em que te encontres.
Aprende a calar e a meditar, a harmonizar-te e a não perder a seriedade na multidão desarvorada e falante.
Os grandes sábios do Cosmos sempre souberam silenciar.
Silenciar em oração perante as necessidades do outro. Silenciar em respeito ao sofrimento alheio.
Silenciar em consideração às idéias divergentes. Silenciar a vingança diante dos males recebidos.
É no mundo do silêncio que construímos as palavras edificantes que sairão de nossa boca.
É no mundo sem voz que elaboramos o canto que logo mais irá encantar ouvintes numa sala de concertos.
É no mundo do silêncio que embalamos nossos amores, que pensamos em melhorar, reformar e transformar.
Assim, saibamos dosar o silêncio em nossas vidas, evitando que a balbúrdia e a loucura se instalem.
Saibamos usar a voz com cuidado, a cada pronunciar de palavra, assim como o concertista o faz na interpretação de uma ópera.
A música elevada, assim como a vida, é feita de som, mas também de silêncio.
Redação do Momento Espírita com base no cap. Silêncio,
do livro Jesus e vida, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.